ZP11060207 - 02-06-2011
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Encontro dos delegados para as relações com os muçulmanos
ROMA, quinta-feira, 2 de junho de 2011 (ZENIT.org)
- “São 11 milhões os muçulmanos na Europa: a presença deles é um fato
na vida dos países e das paróquias, assim como são um fato as muitas
experiências de diálogo compartilhadas para encontrar uma linha comum de
orientação”. Dom Duarte da Cunha, secretário do Conselho das
Conferências Episcopais da Europa, apresentou assim os motivos do II
Encontro dos Delegados das Conferências Episcopais para as Relações com
os Muçulmanos no velho continente, que aconteceu em Turim neste 31 de
maio.
“O CCEE optou por dois temas, o das relações entre a Igreja,
o Estado e o Islã na Europa e o da Islamofobia, ou seja, o perigo da
difusão de uma sensação de medo e de intolerância com o Islã”.
O encontro “tem um caráter puramente pastoral. O diálogo teológico
foi conduzido pelo Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso,
com o objetivo de uma reflexão intraeclesial, diferenciando-se de muitos
outros encontros organizados no passado junto a representantes de
outras confissões cristãs e comunidades muçulmanas”.
“É necessário acolher este processo em desenvolvimento”, prosseguiu o
secretário da Comissão para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso da
Conferência Episcopal do Piemonte-Valle d’Aosta, Dom Andrea Pacini,
“que é o da inserção madura das comunidades muçulmanas no contexto
europeu”.
A Europa representa “uma grande oportunidade para o Islã se
enriquecer e voltar a expressar a sua identidade puramente religiosa,
mais que política, jurídica e social”.
Isto “constitui um desafio para o Islã, mas interessa muito também
aos vários componentes da sociedade civil europeia e às igrejas, porque,
dentro dos estados europeus em que a liberdade religiosa é garantida, é
importante tecer relações entre as comunidades religiosas para
contribuir o mais possível a uma convivência pacífica e harmoniosa
dentro de todas as sociedades”.
Também há “consequências muito práticas, como compartilhar as
capelanias hospitalares, militares, penitenciárias e universitárias, que
oferecem oportunidades de diálogo concreto e não só ocasional”.
“O Islã”, afirmou o arcebispo de Túnis, Dom Maroun Lahham, “não é um
bloco monolítico. As diferenças são muitas conforme os contextos. É mais
fácil que eu me entenda com o mufti de Hebron do que com o bispo de
Estocolmo, já que os palestinos e os cristãos árabes têm 15 séculos de
história com os muçulmanos do Oriente Médio, o que nos torna conscientes
de pertencer à mesma cultura e mentalidade. Este é um fator forte de
coexistência. Para um cristão árabe, por exemplo, a Europa se negar ao
acolhimento é uma coisa contrária à sua cultura”.
A consequência negativa desta convivência secular é “o mal-entendido
que equipara o cristão com o ocidente e com as suas escolhas políticas e
econômicas”. Neste âmbito, “a família, a mesquita e a escola, as três
principais instituições do mundo islâmico, não fazem muito para definir
os cristãos. Nem sequer se fala de cristãos, mas de não- muçulmanos”.
A propósito de preconceitos, “o Oriente Médio não é um foco de
terrorismo e os movimentos não foram criados contra os cristãos, mas por
causa da situação política”. Foi acolhida muito positivamente, segundo
Lahham, “a unidade do povo palestino, porque assim o interlocutor do
processo de paz será um só”, mas “é necessário que por parte de Israel
exista vontade política neste sentido” e que Israel “não tenha medo da
paz”.
O bispo tunisiano também expressou sua confiança quanto aos
movimentos revolucionários do norte de África, “protagonizados por
jovens cultos, hábeis no uso da internet e que não suportavam mais os
regimes que os dominavam”. “É preciso olhar sempre com otimismo para
esses movimentos pró-democracia e confiar nestas situações que se
aplicarão também aos cristãos, com certeza na Tunísia, mas também no
Egito. Eu tenho certeza de que não devemos ter medo”.
Chiara Santomiero
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