ZP11060807 - 08-06-2011
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Promotora dos EUA lidera movimento contra a política do filho único
Por Edward Pentin
ROMA, quarta-feira, 8 de junho de 2011 (ZENIT.org)
- “A política chinesa do filho único provoca mais violência contra as
mulheres e meninas do que qualquer outra política no mundo; mais do que
qualquer outra política oficial na história do mundo”.
São palavras acaloradas de Reggie Littlejohn, uma promotora dos EUA que fundou a Women's Rights Without Frontiers – uma coalizão internacional contra o aborto forçado e a escravidão sexual na China.
Californiana que na juventude trabalhou com a Madre Teresa nos
bairros pobres de Calcutá, Littlejohn entrou na política representando
refugiados chineses que pediam asilo político nos Estados Unidos em
1990.
“Primeiro eles foram perseguidos por ser cristãos e depois
esterilizados à força”, conta. “Isso abriu dois mundos novos para mim”.
Falando com ZENIT em visita recente a Roma, Littlejohn resumiu a
política do único filho como “a guerra da China contra mulheres e
meninas”.
Os abortos obrigatórios para as mulheres que violam a política são
comuns no país e chegam a ser feitos até os noves meses de gravidez. “Há
mulheres que morrem junto com os bebês”.
A brutalidade do aborto forçado não é a única violação aos direitos humanos da “política de planejamento familiar”.
Acontece um “generocídio” devido à preferência tradicional chinesa
pelos meninos, sendo as meninas objeto desproporcionado de aborto,
abandono e infanticídio. Uma das consequências é a escravidão sexual: a
eliminação de meninas levou a um aumento do tráfico de mulheres dos
países vizinhos, já que há 37 milhões de homens a mais que as mulheres
na China.
Esta política também pode ser a causa do alto índice de suicídios
femininos na China. A Organização Mundial da Saúde informa que a China é
o país com a porcentagem de suicídios femininos mais alta do mundo, com
aproximadamente 500 mulheres por dia acabando com a própria vida.
As vítimas não são só as mulheres e as meninas. De acordo com muitas
histórias filtradas fora da China, o governo também aplica uma variedade
de métodos impiedosos contra os membros da família para forçá-los a
obedecer à política de controle.
“As táticas usadas são absolutamente aterradoras”, disse Littlejohn.
Lembrando um incidente documentado em março deste ano, ela conta que os
funcionários do planejamento familiar foram até a casa de um jovem para
esterilizar sua irmã à força.
“Como ela não estava em casa, começaram a bater no pai dela. Quando o
homem tentou defender o pai, um dos funcionários pegou uma faca e o
apunhalou duas vezes no coração. O homem morreu. Isto é assassinato!”.
Mas o assassino não foi preso e, apesar de a família estar tentado
denunciar a história, os meios de comunicação se recusam a divulgá-la.
“Os funcionários do planejamento familiar estão acima da lei, podem
fazer qualquer cosa e sair impunes”, disse Littlejohn. “O que eles estão
fazendo é aterrorizar a população”.
As estatísticas relacionadas com a política do filho único são
assombrosas. Desde que ela começou, em 1979, as autoridades informam que
evitaram 400 milhões de vidas.
O governo diz também que 13 milhões de abortos são feitos a cada ano:
1.458 abortos por hora, ou, como Littlejohn afirmou, “um massacre como o
da Praça da Paz Celestial a cada hora”.
“O irônico é que a China instituiu esta política do filho único por
razões econômicas”, explicou Littlejohn. “Mas ela virou uma sentença de
morte econômica para a China”.
Ela dá razões para isto. A primeira é a disparidade de sexos: 37
milhões de homens a mais, o que gera o tráfico humano entre a China e os
países próximos e a decorrente escravidão sexual.
A segunda razão é que a China sofrerá o envelhecimento da população
sem ter jovens para sustentá-la. Esse “tsunami senior”, como Littlejohn o
chama, ocorrerá por volta de 2030.
“Eles não têm previdência social e, que eu saiba, também não têm nenhum plano para a situação dessa população de idosos”.
Littlejohn teme que, assim como forçaram o aborto no começo da vida,
eles “forçarão o final da vida quando sofrerem esse tsunami senior”.
Ela destaca que os chineses têm uma cultura de respeito pelos
anciãos, mas se pergunta se o apoio à eutanásia não ganhará terreno
quando os resultados da política demográfica se mostrarem.
“Não tem sentido continuar com a política do filho único. Então por
que eles continuam? Para mim, a razão não é tanto de controle da
população, mas de controle social”.
Mantendo o rumo
As autoridades chinesas afirmam que a política será mantida pelo
menos até 2015, embora recentemente tenham insinuado a permissão para
dois filhos.
Mas Littlejohn acha que o aborto forçado, a esterilização e o
infanticídio continuarão. É provável que a demografia da nação também
não melhore.
Uma política de dois filhos já é permitida nas zonas rurais e entre
as minorias se o primeiro a nascer é uma menina, mas pouco foi feito
para evitar a difusão do aborto de meninas num país que tem preferência
cultural pelos garotos.
Apesar da difusão da violência e do trauma infringidos pelas
autoridades, os governos ocidentais têm feito pouquíssimo para
pressionar a China.
“Este deveria ser o tema mais importante para os ativistas pró-direitos humanos”, ela considera.
Littlejohn conta que a secretária de Estado norte-americana, Hillary
Clinton, tem “falado muito” sobre o aborto forçado na China. Mas isso
não se traduz em nenhuma ação concreta ainda. Littlejohn crê que os
governos não querem arriscar, “porque devem muito dinheiro para a
China”.
Por outro lado, ela comenta que os Estados Unidos e a ONU estão ajudando a financiar a política chinesa através da UNFPA (United Nations Family Planning Fund) assim como da IPPF (International Planned Parenthood Federation), e da Marie Stopes International.
Ela conta que essas organizações são “provedoras de abortos”
operativos na China e que, apesar dos EUA terem cortado os fundos
dirigidos à UNFPA em 2001 – porque se comprovou a cumplicidade com a
política do filho único – restaurou-se novamente o destino de verbas em
2009, pelo Departamento de Estado americano.
Neste link, pode-se ver um breve vídeo realizado por Women’s Rights Without Frontiers sobre a política do filho único: www.youtube.com/watch?v=JjtuBcJUsjY
Já aqui se pode assinar uma petição internacional contra o aborto forçado e a escravidão sexual na China: www.womensrightswithoutfrontiers.org/index.php?nav=sign_our_petition
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