terça-feira, 29 de março de 2011

Representantes católicos se unem para calar as armas

ZP11032901 - 29-03-2011
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Por Jesús Colina

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 29 de março de 2011 (ZENIT.org) - Os representantes mais autorizados da Igreja Católica, começando com o próprio Bento XVI, uniram suas vozes nos últimos dias para exortar as organizações internacionais e as partes interessadas a suspender as operações militares na Líbia.
Depois que o Papa, no domingo, pediu aos "que têm responsabilidades políticas e militares", o "início imediato de um diálogo, para suspender o uso de armas" (cf.ZENIT, 28 de março de 2011), os bispos da Conferência Episcopal das Regiões do Norte de África (CERNA), que inclui o Marrocos, Argélia, Tunísia e Líbia, emitiram um comunicado, na segunda-feira, no qual se manifestam contra a guerra (cf. ZENIT, 28 de março de 2011).
Por sua parte, o núncio apostólico na Grã-Bretanha, o arcebispo Antonio Mennini, que participará hoje como observador da Santa Sé na Conferência Internacional sobre a Líbia, em Londres, disse na segunda-feira: "É muito importante que as partes envolvidas ouçam e ajam pelo menos no espírito com que o Papa falou ontem para ‘apoiar qualquer sinal, por mais fraco que seja, de abertura e de desejo de reconciliação entre todas as partes envolvidas na busca de soluções pacíficas e duradouras'".
"As palavras no Ângelus - concluiu Dom Mennini, em declarações divulgadas pelo Serviço de Informação Religiosa da Conferência Episcopal Italiana - mostram toda a preocupação pela população civil e confirmam a vocação específica da Santa Sé, em primeiro lugar do Papa, de ser porta-voz das aspirações mais profundas da família humana, que também procuram uma unidade baseada na justiça, na paz e nas relações de amizade e de fraternidade."
Superar a fase sangrenta
No discurso que proferiu na segunda-feira o presidente da Conferência Episcopal Italiana, cardeal Angelo Bagnasco, diante do Conselho Permanente desta instituição, explicou que "a repentina intervenção internacional concebida sob a égide da ONU e realizada com a participação da OTAN provocou interrogantes e tensões".
O cardeal se uniu "às palavras de solidariedade que o Santo Padre expressou repetidamente a estas populações e de desejo de uma superação imediata da fase sangrenta: diante da intervenção já em curso, desejamos que se detenham as armas e que, acima de tudo, se preserve a segurança dos cidadãos, assegurando o acesso à essencial ajuda humanitária, num contexto de justiça".
"Acreditamos que o caminho da diplomacia é justo e possível, talvez até mesmo desejado pelas partes, pressuposto e condição para encontrar um ‘caminho africano' rumo ao futuro, invocado principalmente pelos jovens. Isso também evitará possíveis pressões extremistas, que teriam resultados imprevisíveis e graves", explicou o cardeal Bagnasco.
Dom Giovanni Innocenzo Martinelli, vigário apostólico de Trípoli, quem desde o princípio se opôs ao uso da força na Líbia, agradeceu publicamente as palavras de Bento XVI do domingo: "O apelo do Santo Padre é uma notícia muito boa, que nos conforta muito. O Papa pronunciou palavras que afirmam a necessidade de paz, reconciliação e diálogo".
Guerra justa?
As intervenções dos representantes da Igreja se fundamentam nos ensinamentos do Catecismo da Igreja Católica, que estabelecem o dever de evitar a guerra e que mencionam casos em que se pode falar de "guerra justa", ou melhor, de legítima defesa.
O número 2309 estabelece "as condições duma legítima defesa pela força das armas".
A primeira condição definida pelo Catecismo é "que o prejuízo causado pelo agressor à nação ou comunidade de nações seja duradouro, grave e certo".
Em segundo lugar, exige "que todos os outros meios de lhe pôr fim se tenham revelado impraticáveis ou ineficazes".
A terceira condição estabelece "que estejam reunidas condições sérias de êxito".
Finalmente, pede "que o emprego das armas não traga consigo males e desordens mais graves do que o mal a eliminar".

Quem, então, declara que a guerra na Líbia é justa ou injusta? O Catecismo responde: "A apreciação destas condições de legitimidade moral pertence ao juízo prudencial daqueles que têm o encargo do bem comum".

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