quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O Papa explica a decisão de se chamar Bento, e escolhe novo brasão


Primeira audiência geral (27-04-2005) serviu para explicar a escolha do nome para o pontificado. O novo brasão papal é anunciado no Osservatore Romano. Fonte: Agência Ecclesia.

2005/04/28

Bento XVI sublinha raízes cristãs da Europa.

Bento XVI viveu na quarta-feira, 27 de Abril, a sua primeira audiência geral com mais de 15.000 peregrinos de todo o mundo, um encontro semanal de grande importância, escolhendo a oportunidade para sublinhar as raízes cristãs da Europa. No anterior pontificado, o Vaticano tinha criticado duramente a ausência de uma referência a estas raízes no Preâmbulo do Tratado Constitucional Europeu.

“O nome Bento evoca a extraordinária figura de São Bento, um ponto de referência para a unidade da Europa e as irrenunciáveis raízes cristãs da sua cultura e civilização”, explicou. O Papa disse ainda que São Bento, padroeiro da Europa, é muito venerado “na Alemanha e em particular na Baviera, a minha terra de origem”.

A audiência desta quarta-feira centrou-se na explicação do nome que o Papa escolheu como Bispo de Roma e Pastor da Igreja Universal.

“Adoptei o nome de Bento XVI em relação com o Papa Bento XV, um autêntico e valente profeta da paz perante o drama da I Guerra Mundial”, indicou.

O novo Papa assumiu, depois, a intenção de colocar-se “ao serviço do grande bem da reconciliação e da harmonia entre os homens e os povos, porque o grande bem da paz é sobretudo um dom de Deus, que temos de defender e construir entre todos”.

O Papa ainda se diz dominado pelas primeiras emoções perante a sua eleição e voltou a apelar à ajuda divina para que possa cumprir esta missão. "Nestes dias do início do meu Ministério Petrino, experimento no meu ânimo sentimentos contrastantes, espanto e gratidão em relação a Deus, que antes de mais me surpreendeu chamando-me a suceder ao apóstolo Pedro. Tremo interiormente perante a grandeza da tarefa e das responsabilidades que me foram confiadas, mas o que me dá serenidade e alegria é a certeza da ajuda de Deus, da sua Mãe Maria Santíssima e dos Santos protectores".

Bento XVI saiu no papamóvel da Casa de Santa Marta, atravessando por várias vezes a Praça de São Pedro. No decorrer na audiência, o Papa falou em italiano, francês, inglês, alemão e espanhol, além de ter saudado os peregrinos eslovenos, croatas e polacos.
A ausência da língua portuguesa pode ter-se ficado a dever, como no pontificado anterior, à ausência de inscrição na Prefeitura Apostólica dos grupos de peregrinos presentes.

Para a próxima semana ficou a promessa de retomar as catequeses sobre os Salmos e Hinos da Liturgia, que João Paulo II pronunciou até à audiência de 26 de Janeiro. Do seu predecessor, Bento XVI disse que a Igreja recebeu uma grande "herança espiritual".


Opus Dei -
Osservatore Romano revela brasão do Papa Bento XVI

O jornal do Vaticano, "L’Osservatore Romano", revelou o novo escudo do Papa Bento XVI, que conserva alguns elementos originais do escudo episcopal do Cardeal Joseph Ratzinger e descarta a tradicional tiara pontifícia, substituindo-a por uma mitra.

Três símbolos ligados à história e lendas religiosas da região da Baviera, sul da Alemanha, ilustram o brasão escolhido por Bento XVI. Segundo D. Andrea Cordeiro Lança di Montezemolo, Arcebispo italiano perito em heráldica e criador do novo escudo papal, "Bento XVI escolheu um brasão rico em simbolismo e significado, para colocar a sua personalidade e papado nas mãos da história”.

O brasão encerra todos os elementos que caracterizavam o seu brasão episcopal como Arcebispo de Munique-Freising e, depois, como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. A diferença agora é a presença da mitra e do pálio pontifício, além das chaves de São Pedro.

No brasão tripartido reconhece-se a figura do "mouro de Freising". A característica cabeça do mouro coroada de perfil já aparecia no brasão da antiga diocese-principado de Freising em 1316, no tempo de Bispo Corrado III, permanecendo quase imutável até aos inícios do século XIX.

Desde então, todos os arcebispos de Munique-Freising (a Arquidiocese foi criada em 1817) ligam os seus brasões à chamada "Caput Aethiopum" (a cabeça do etíope, que pode ser vista no actual brasão do Arcebispo local, Cardeal Friedrich Wetter).

Um elemento curioso do novo brasão pontifício é a presença da figura de um urso com o alforge, o chamado "Urso de Corbiniano". A figura refere-se à lenda do Bispo Corbiano, que anunciou o Evangelho no século VIII, na antiga Baviera, e é venerado como pai espiritual e padroeiro da Arquidiocese. Durante uma viagem a Roma, o urso devorou seu cavalo. O santo então, ordenou ao urso que levasse sua bagagem à Cidade Eterna. Chegando a Roma, o santo libertou o urso, que voltou a viver nos bosques da Baviera.

O significado da lenda é claro: o Cristianismo amansou e domesticou o paganismo selvagem e introduziu na Baviera os fundamentos de uma grande cultura. O "Urso de Corbiniano" simboliza também o peso do ministério. No brasão de Bento XVI essa figura encontra agora uma nova Pátria também em Roma.

O terceiro elemento presente no brasão – a concha – tem diversos significados. Antes de tudo, refere-se a uma famosa lenda envolvendo Santo Agostinho. Enquanto passeava na praia, meditando sobre o impenetrável mistério da Trindade de Deus, Santo Agostinho encontrou uma criança que, com uma concha, derramava a água do mar num pequeno buraco na areia. Quando Santo Agostinho perguntou à criança o que ele estava a fazer o menino respondeu: "Estou a derramar o mar neste buraco."

Assim, a concha é o símbolo da imersão no mar da divindade. Ao mesmo tempo, liga-se à personalidade do Cardeal Joseph Ratzinger como teólogo, e o início de sua carreira científica. Em 1953, ele doutorou-se em teologia com a tese: "O povo e a casa de Deus no ensinamento de Agostinho sobre a Igreja".

A "Concha do peregrino" também está simbolicamente ligada a um conceito central do Concílio Vaticano II: o Povo de Deus peregrino, do qual o Papa Ratzinger se reconhece pastor.

Como Arcebispo, ele tinha inserido esse símbolo no seu brasão, também como "Concha de São Januário", recordando uma etapa da vida do Papa e a sua actividade como professor de teologia.

Sobre o brasão aparece pela primeira vez a mitra papal e não a tiara, como nos precedentes brasões pontifícios. E sobre a mitra, o pálio do metropolita.

O mote ainda não foi revelado, mas acredita-se que será o mesmo que Bento XVI tinha enquanto Cardeal: "Colaborador na verdade".

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