sábado, 19 de fevereiro de 2011

Análise: Cristãos do Oriente Médio, divididos e ameaçados

DA FRANCE PRESSE, NO CAIRO
Os cristãos do Oriente Médio, vítimas na madrugada deste sábado de um atentado em Alexandria, Egito, que deixou 21 mortos e mais de 40 feridos, estão divididos em inúmeras comunidade e sofrem uma crescente sensação de insegurança e de exclusão.
Recentemente, no dia 31 de outubro, foram alvo de um recente atentado da rede Al Qaeda contra uma igreja ortodoxa siríaca em Bagdá, no qual morreram 46 civis, entre eles dois sacerdotes, além de sete membros da força pública e cinco atacantes.
Berço do cristianismo, a região conta com 20 milhões de cristãos, 5 milhões deles católicos, entre os 356 milhões de habitantes da zona, segundo as cifras difundidas num sínodo sobre o Oriente Médio em outubro, no Vaticano.
Conflitos, instabilidade política, dificuldades econômicas, discriminação, perseguição ou crescimento do Islã radical são algumas das causas que fazem com que muitos deles decidam ir embora do país, principalmente do Iraque.
Os coptas (cristãos do Egito), em maioria ortodoxos, constituem a maior comunidade cristã do Oriente Médio, e representam, segundo estimativas, entre 6 e 10% dos 80 milhões de egípcios.
Apesar de sua comunidade ser muito diferente da dos siríacos católicos do Iraque, os coptas também estão, segundo o centro americano para a vigilância de sites islamitas (SITE), ameaçados pela facção iraquiana da Al Qaeda, que cometeu o atentado de Bagdá.
No Iraque, a situação dos cristãos é especialmente preocupante.
Em 17 de dezembro, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) denunciou o êxodo de milhares de cristãos do Iraque, desde 31 de outubro.
O número de cristãos no Iraque é calculado entre 450 mil e 500 mil, sendo 300 mil deles católicos (contra os 378 mil em 1980). Entre os católicos, cerca de 80% são caldeus, e o restante, siríacos católicos, armênios católicos e católicos latinos.
Entre os não-católicos, 80% são assírios e o restante, siríacos ortodoxos ou armênios ortodoxos.
Os países do golfo contam com cerca de 3,5 milhões de cristãos das diferentes igrejas, em maioria imigrantes asiáticos ou católicos ocidentais.
O direito de professar seu culto é reconhecido nestes países, exceto na Arábia Saudita, que proíbe qualquer prática religiosa que não seja o Islã. No início de outubro, 12 filipinos e um sacerdote foram detidos no reino por proselitismo enquanto celebravam uma missa secreta.
Na Síria, onde não há estatísticas oficiais, os analistas afirmam que os cristãos representam de 5 a 10% da população, de um total de 20 milhões de pessoas. Não foram registradas ameaças de grupos islamitas contra os cristãos desse país.
No Líbano, os cristãos --com a importante comunidade maronita--, constituem 34% da população, calculada em 4 milhões de pessoas. É a maior porcentagem de população cristã nos países do Oriente Médio.
Israel conta com 143 mil cristãos, segundo dados oficiais. Os cristãos compunham 2,9% da população em 1948, ano da fundação do Estado de Israel, 2,3% em 1972 e 2,1% em 2009.
Nos territórios palestinos ocupados vivem mais 57 mil cristãos.

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