domingo, 5 de setembro de 2010

A Teologia da Libertação

Com a visita do Santo Padre, alguns remanescentes da Teologia da Libertação levantaram de novo a voz, o que nos obriga a recordar o ensinamento do Magistério da Igreja sobre o assunto.



A Teologia da Libertação surgiu como reação às escravidões sociais e econômicas, que todos lamentamos, mas enfatizando demasiadamente a linha social em detrimento da espiritual, tentando reduzir o Evangelho da salvação a um evangelho terrestre e, pior, dentro de uma análise marxista, com rejeição da doutrina social da Igreja. Daí partem para uma releitura essencialmente política da Sagrada Escritura, baseada no racionalismo e no modernismo.



Na verdade, o Evangelho de Jesus Cristo é mensagem de liberdade e força de libertação. Mas a libertação é antes de tudo e principalmente libertação da escravidão radical do pecado. Seu objetivo e seu termo é a liberdade dos filhos de Deus, que é dom da graça divina. Ela exige, por uma conseqüência lógica, a libertação de muitas outras escravidões de ordem cultural, econômica, social e política, que, em última análise, derivam todas do pecado e constituem outros tantos obstáculos que impedem os homens de viver segundo a própria dignidade.



Jesus viveu num tempo de opressão social do povo de Deus pelos romanos, mas não adotou o método da teologia da libertação e sim da teologia da salvação. A sua pregação das virtudes e o combate aos vícios da alma terminaram por criar uma sociedade mais justa e solidária, sem necessidade de se imiscuir na política e nas lutas sociais.



Na Profissão de Fé do Povo de Deus, Paulo VI exprimiu bem a fé da Igreja: “Nós professamos que o Reino de Deus iniciado aqui na Terra, na Igreja de Cristo, não é deste mundo, cuja figura passa, e que seu crescimento próprio não se pode confundir com o progresso da civilização (...) mas consiste em conhecer cada vez mais profundamente as insondáveis riquezas de Cristo, em esperar cada vez mais corajosamente os bens eternos, em responder cada vez mais ardentemente ao amor de Deus e em difundir cada vez mais amplamente a graça e a santidade entre os homens. Mas é este mesmo amor que leva a Igreja a preocupar-se constantemente com o bem temporal dos homens (...) suas necessidades, alegrias e esperanças, seus sofrimentos e seus esforços” .
Dom Fernando Arêas Rifan

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